Para 74% dos brasileiros, a maior preocupação é o dinheiro, segundo uma pesquisa da fintech Onze. Esse percentual é maior que o das aflições com a saúde e com o trabalho, por exemplo.
O planejamento e a educação financeira são especialmente importantes para trazer mais tranquilidade nesse sentido. No entanto, o País ainda tem um déficit na área. Dados de CNDL e SPC Brasil mostram que, em 2020, 48% dos consumidores não controlavam o próprio orçamento e um quinto dos brasileiros sequer registravam os ganhos e gastos do mês.
Mas somente aprender finanças na escola não resolverá esse problema, de acordo com um estudo da Serasa Experian, em parceria com o IBOPE Inteligência e o Instituto Paulo Montenegro. Pessoas de diferentes faixas etárias e classes socioeconômicas precisam de outras formas de conhecimento e experiência para lidar melhor com as finanças pessoais.
Aí entra o papel dos influenciadores financeiros. Você sabe o que é um finfluencer? Neste artigo vamos explicar melhor esse tema e mostrar por que as novas regras para esses influencers são necessárias. Acompanhe!
A educação financeira no Brasil e em Santa Catarina
Na famosa pesquisa S&P Global Financial Literacy Survey, o Brasil aparecia apenas na 67ª posição entre 143 países analisados pelo nível de alfabetismo financeiro.
O resultado, certamente, não é motivo de orgulho. Mas o comportamento do brasileiro melhorou um pouco nesse aspecto, de 2016 para cá. E as plataformas digitais têm participação nisso.
Como ressalta o estudo “Finanças Regionais: as diferenças na relação com o dinheiro entre os Estados do Brasil”, da Serasa, 55% dos brasileiros acompanham conteúdos sobre finanças nas redes sociais. Os catarinenses aparecem acima da média, com 58%.
Já a pesquisa “A Relação das Gerações com as Finanças Pessoais”, também da Serasa, aponta que 44% dos consumidores da Geração Z e 41% dos millennials no País consideram as redes como fonte de aprendizado sobre o tema. A facilidade da linguagem e a agilidade para acesso aos conteúdos são dois pontos fortes dessas plataformas.
Além disso, 31% dos entrevistados no “Finanças Regionais” já realizaram algum curso de educação financeira. Novamente, Santa Catarina aparece acima da média nacional, com 40%. Esse é o melhor índice entre todos os estados do Brasil.
Para completar, 54,9% dos catarinenses acreditam que conseguem organizar e planejar as finanças, representando a maior taxa de todos os estados brasileiros.
Então, se as redes sociais estão ajudando as pessoas a ter maior educação financeira, esta é a hora de falar sobre o papel dos finfluencers.
Leia também: Economia dos criadores e a força das publis para sua marca
O que são finfluencers?
Finfluencers, influencers de finanças ou influenciadores financeiros são personalidades da internet que falam sobre finanças para grandes audiências em redes como YouTube, Instagram, Facebook, X e TikTok. Eles abordam o mercado de ações, criptomoedas, commodities, câmbio, day trade, políticas monetárias, entre outros temas.
Essas figuras não são necessariamente economistas, analistas da área ou investidores, como destaca a quinta edição da pesquisa “FInfluence – Quem fala de investimentos nas redes sociais”. Dos 515 influenciadores monitorados no levantamento, a principal categoria de atuação é composta por produtores de conteúdo, como assim se definem. Cerca de um terço do total está nesse grupo.
Especializados ou não, é inegável a influência desses indivíduos. Todos os perfis deles somam 176,3 milhões de seguidores. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) e do Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD).
Tais pessoas podem desempenhar um papel fundamental na educação financeira no Brasil, usando o alcance que têm para levar informação a milhões de brasileiros. No entanto, é preciso chamar a atenção para dois pontos importantes.
O primeiro deles é o caráter comercial dessa influência. De acordo com o relatório de ANBIMA e IBPAD, 48% dos finfluencers mantinham alguma relação com empresas do mercado financeiro, como bancos, corretoras etc., durante o período de análise. Esse endosso pode não ficar claro para o público em muitos conteúdos.
Outro elemento a considerar são os produtos abordados pelos influenciadores financeiros. Das 96,8 mil menções a produtos no primeiro semestre de 2023, criptomoedas, moedas e ações estão entre os tipos mais comentados. Essas opções de investimento em renda variável podem ser um risco para o investidor que ainda não tenha muito conhecimento na área, devido à volatilidade deles.
Daí a importância das novas normas para os influencers de finanças, como veremos adiante.
Leia também: Marketing de influência: o que pode ou não segundo o Conar?
Novas regras para a publicidade de influenciadores financeiros
Uma dessas questões é abordada diretamente pelas novas regras da publicidade envolvendo influenciadores de finanças, que entraram em vigor no dia 13 de novembro de 2023.
Nessas regras, a ANBIMA determina que os conteúdos de finfluencers patrocinados por empresas, ou em parceria destas, precisam trazer essa informação ao público. Ela pode ser verbalizada durante um vídeo, escrita na legenda ou sinalizada por hashtag apropriada. Inclusive, é preciso deixar claro o nome da instituição responsável pela ação.
Mais ainda, toda relação entre influenciadores financeiros e empresas deve ser estabelecida em contrato, incluindo os produtos que farão parte da publicidade e os meios que serão utilizados para a divulgação deles. Esse documento e toda a publicidade produzida precisam ser armazenados por ao menos um ano.
Também cabe à empresa assegurar a veracidade e a completude das informações divulgadas. O objetivo dessa medida é evitar situações que levem o investidor ao erro. Do contrário, as instituições financeiras podem ser punidas.
Com essas novas regras para os influenciadores e marcas parceiras, o mercado avança no sentido de fornecer uma melhor educação financeira para os brasileiros.
Saiba mais sobre a relação do público no País com o dinheiro baixando o estudo O brasileiro e a casa em 2024.