Conheça o conceito que se baseia no crescimento inteligente para alcançar resultados muito superiores do que os das organizações lineares
Waze, Uber, Facebook, Duolingo. A naturalidade com a qual esses aplicativos entraram no smartphone de milhões de pessoas reflete o segredo das empresas mais rentáveis da atualidade. Conhecidas como organizações exponenciais, termo cunhado pela Singularity University, essa nova geração de negócios se apropria da tecnologia para crescer e costuma desenvolver soluções mais eficientes com rapidez e menor custo do que as companhias tradicionais.
Como isso é possível? Agilidade é a palavra de ordem. Saem os escritórios enormes com centenas de colaboradores para a entrada de novos modelos em rede, onde empregados e empregadores se comunicam remotamente. O próprio movimento abre espaço para novas oportunidades de negócios – o Slack, ferramenta de comunicação entre equipes e clientes, é também uma das organizações exponenciais para ficar de olho.
– Esse exemplo, em que uma organização exponencial é criada para ajudar outras, resume a magia do modelo – afirma a consultora de inovação Gica Trierweiler Yabu.
Mentalidade para a inovação
É fato que muitas organizações exponenciais começam como startups.
– A razão de uma startup existir é para romper um padrão de mercado. É analisar o que existe hoje e entregar o que a sociedade precisa para viver melhor amanhã – explica Yabu.
O Airbnb percebeu o crescimento da cultura de compartilhamento em paralelo a uma grande parcela da população cujo desejo de viajar era dificultado pelo alto custo de hospedagem. Em questão de uma década, a empresa construiu um império ativo em mais de 34 mil cidades e 190 países, com valor estimado de US$ 29,3 bilhões, segundo a CB Insights. Independentemente das consequências que isso trouxe ao mercado hoteleiro, é indiscutível que a disrupção abriu um caminho sem volta.
– Ao mesmo tempo em que existe uma vontade muito grande nas startups de quebrar paradigmas, nem sempre existe um know-how, uma estrutura, uma maturidade de mercado – reflete a consultora.
É por isso que o campo das exponenciais também deve ser ocupado por companhias estabelecidas. Corporações com modelo linear já perceberam a necessidade de atualização e hoje adotam metodologias contemporâneas de inovação. É o caso da General Electric, que implementou o sistema FastWorks com a consultoria de Eric Ries, autor do bestseller The Lean Startup.
No entanto, essa ainda não é a realidade da maioria das empresas com mais de 15 anos de história.
– A verdade é que ninguém quer errar. Tudo que é novo assusta. Mas já existem metodologias documentadas que milhares de empresas usam no mundo inteiro para testar produtos, para lançar soluções de forma efetiva. Não há desculpa, há apenas desconhecimento – aponta Yabu.
A maneira como o consumidor moderno absorveu a inovação apresentada pelas organizações exponenciais reflete no comportamento do mercado de trabalho. As novas gerações esperam atuar em empresas que oferecem a autonomia para a experimentação e o ambiente para avaliar os resultados, por meio de métodos comprovados.
– Corporações com culturas desatualizadas estão fadadas a desaparecer, porque elas não conseguem nem atrair o talento, nem ser atraentes para o cliente externo – reforça o especialista em branding Guilherme Sebastiany.
Mais do que uma estrada para o lucro, absorver essa nova atitude e aprender com as organizações exponenciais é a chave para a sobrevivência das empresas. A evolução pode assustar, mas é necessária.
As características externas que determinam uma Organização Exponencial
- Staff sob demanda: como a internet encurta distâncias, as empresas aproveitam o melhor do talento humano gerenciando equipes remotas e globais. Isso otimiza os custos de uma unidade fixa, além de abrir as opções para a contratação dos profissionais mais qualificados em cada projeto.
- Comunidade e multidão: as organizações exponenciais se diferenciam por oferecer uma solução de valor para a sociedade. Logo, promovem interações com as comunidades beneficiadas pelos seus serviços, unindo parceiros, fornecedores e clientes. Em segunda instância, conseguem também influenciar multidões, isto é, a massa que não é um público direto… ainda.
- Algoritmos: trabalhar com big data é fundamental para identificar as tendências de comportamento que podem gerar novas oportunidades de atuação. As organizações exponenciais utilizam pesquisas e algoritmos para compreender as necessidades das pessoas, além do impacto das soluções que oferecem.
- Leased Assets: também conhecido como “ativos alavancados”, este item diz respeito à possibilidade de se construir uma empresa reaproveitando recursos disponíveis. A economia colaborativa (que assegura que o Airbnb não possua os imóveis que aluga, por exemplo) e o conceito da “não-propriedade” agiliza o fechamento de negócios.
- Engajamento: aproximar público e empresa, seja por meio de jogos, seja por práticas que incentivam o feedback, é outro forte atributo das organizações exponenciais. Isso reforça a lembrança da marca e promove a fidelização dos usuários.
IDEIAS
Alguns mecanismos de controle interno que certificam a eficácia das Organizações Exponenciais
- Interface: o modelo usado para gerenciar os processos e aumentar a eficiência das soluções.
- Dashboard: as métricas implementadas para monitorar os resultados.
- Experimentação: A fase de testes ocorre de forma controlada ao longo de todo o processo, e não apenas com o produto pronto.
- Autonomia: a descentralização garante a agilidade dos processos, já que a tomada de decisão é distribuída entre os especialistas de cada área.
- Social: as tecnologias sociais estimulam a troca de arquivos, dados e conhecimento entre equipes, além de facilitar o retorno do consumidor.