O varejo precisa ficar atento aos indicadores da economia do Brasil para traçar estratégias mais eficientes de comunicação e vendas. Inclusive, uma leitura mais aprofundada desses dados permite antecipar o comportamento de diferentes categorias dentro do setor.
O cenário da economia brasileira tem sido positivo neste ano, como demonstram os dados do primeiro trimestre. A atividade econômica surpreendeu, a inflação acumulada vem retrocedendo e o consumidor está mais otimista em relação à própria renda e à perspectiva de consumo. No entanto, o endividamento das famílias ainda afeta o desempenho de alguns segmentos do varejo.
Veja a seguir o que você precisa saber sobre a economia do Brasil em 2023.
Economia do Brasil cresce no primeiro trimestre de 2023
Considerado como uma prévia do PIB brasileiro, o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) registrou um excelente resultado no primeiro trimestre deste ano. Os dados do Banco Central (BC) apontam um crescimento de 2,41% na economia do Brasil em relação ao trimestre imediatamente anterior e de 3,87% na comparação com o mesmo período de 2022.
Com isso, melhoraram as projeções do mercado financeiro tanto para a inflação quanto para o PIB, segundo o Relatório Focus de 19 de maio, produzido pelo BC.
Sobre a inflação, vale ressaltar que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado em 12 meses até abril de 2023 esteve em 4,18%. O resultado, medido pelo IBGE, é muito menor que os 12,13% registrados no acumulado até abril de 2022 e também abaixo dos 5,79% de dezembro do ano passado.
Já sobre o IBC-Br, que serve de prévia do PIB, o economista Rafael Perez destaca à InfoMoney:
— Os dados de atividade vêm surpreendendo positivamente nos últimos meses, revelando uma maior resiliência dos principais setores.
Entre esses setores está o varejo. O comércio impulsionou o crescimento da economia do Brasil em 2023 com alta de 2,4% em volume de vendas no primeiro trimestre frente ao mesmo intervalo do ano anterior. Esse resultado está na Pesquisa Mensal do Comércio, do IBGE, de março.
O varejo ampliado foi outro a crescer no período, com elevação do volume de vendas em 3,3%.
Leia também: Setor de shopping centers no Brasil celebra alta nas vendas
Consumidor brasileiro está mais otimista com crescimento da economia
Além da queda da inflação, outro fato tem contribuído para a melhora da economia do Brasil. De acordo com o Boletim Salariômetro da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, o reajuste médio dos salários em abril de 2023 foi de 5%, portanto acima do acumulado de 4,4% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).
Para a Fipe, esse foi o sétimo mês consecutivo com ganho real para os trabalhadores brasileiros. Isso eleva o otimismo do consumidor, especialmente entre os grupos de menor renda, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Todos os meses, a CNC avalia a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) no País. Em maio, o indicador manteve a tendência de alta, apresentando um crescimento de 2,4%.
O resultado do ICF de maio está relacionado a aumentos mais expressivos no nível de consumo atual, na renda atual e na perspectiva de consumo futuro, três dos sete itens avaliados no índice.
Ainda de acordo com a CNC, 36,5% do público consumidor brasileiro considera ter uma renda melhor agora que há um ano. Tal desempenho é o maior desde março de 2020.
Isso confirma o otimismo dos consumidores em relação à economia do Brasil em 2023. Como ressaltou a pesquisa “Termômetro de consumo: 1º semestre 2023”, da PiniOn para a Globo, seis em cada dez brasileiros acreditavam que a vida financeira melhoraria neste ano.
Leia também: Conheça os 10 municípios de SC com maior renda média
Endividamento das famílias ainda é desafio para vendas no varejo
Apesar desse otimismo, o consumidor brasileiro mantém-se cuidadoso com os gastos. Se analisarmos as categorias que o público aumentou o consumo ou passou a consumir, com base na pesquisa da PiniOn, todas representam itens essenciais.
Em primeiro lugar, temos os gastos com alimentos e bebidas. Essa também é a maior despesa dos brasileiros atualmente, logo acima das contas básicas da casa. A segunda categoria de maior gasto é a de medicamentos e produtos para saúde, seguida de higiene pessoal e doméstica.
Nesse sentido, a principal razão para adiar outras compras é a necessidade de quitar dívidas antes.
Segundo a CNC, 78,3% das famílias brasileiras tinham alguma dívida em abril de 2023, sendo 17,3% entre as muito endividadas. Do total, 11,6% sequer têm condições de pagar as dívidas. Os dados estão na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).
Isso tem um impacto mais perceptível em mercados como o de vestuário e acessórios. De acordo com a PiniOn, as categorias que o consumidor brasileiro mais teve de segurar a compra nos últimos meses foram:
- Roupas ou calçados: 26%
- Smartphones: 23%
- Televisores: 20%
- Móveis: 19%
- Eletrodomésticos: 18%
Ou seja, elas precisam de um trabalho de comunicação diferenciado. Primeiro, para manter-se na mente das pessoas quando chegar o momento da compra. Segundo, para destacar diferenciais, como descontos ou condições de pagamento facilitadas.
Para saber segmentar a comunicação dessas categorias em Santa Catarina, experimente o Simulador de Campanha do Negócios SC.