Em tempos de consumidores mais exigentes, exibir a cultura da empresa é a chave para expandir o relacionamento com o público de dentro para fora
As empresas nunca estiveram tão expostas. Hoje, marcas e pessoas podem produzir e publicar conteúdo com facilidade, a qualquer hora e lugar. Mas se por um lado os canais digitais são uma forma de aproximar empresas e pessoas, por outro, eles também podem causar problemas se, por exemplo, um CEO manifesta uma opinião polêmica. A transparência é uma exigência crescente do público e as marcas precisam mostrar quem são para se manterem relevantes.
Para exemplificar esse fenômeno, o bureau de tendências Trendwatching utiliza a analogia da caixa de vidro. As organizações costumavam estar em um compartimento preto e fechado controlado por seus líderes, impossibilitando que observadores externos soubessem o que ocorria lá dentro. Apenas o que se ilustrava por fora, com a força da propaganda, era visível para o público. A partir do momento em que a sociedade conectada passou a exigir mais transparência, a caixa escura se transformou em um aquário.
Com a concorrência acirrada e poucos diferenciais entre produtos da mesma categoria, o consumidor consciente busca se associar a marcas que refletem suas crenças. Segundo o Trendwatching, as empresas que continuam presas ao modelo tradicional das paredes negras por receio de abrir o jogo caem na armadilha de se tornarem irrelevantes para os compradores. A análise indica que o risco de expor a cultura da empresa compensa, já que fortalece o relacionamento com o público que está mais exigente e menos propenso a aceitar marcas que negam a transparência.
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Cultura organizacional
Quais são os valores da instituição? Que processos orientam os colaboradores na construção de um propósito maior? As respostas dessas perguntas ajudam a formular a cultura organizacional de uma empresa, isto é, a premissa básica seguida por todos da equipe que diferencia a companhia no mercado.
– Uma organização provavelmente terá as características de seu fundador. As empresas mais sólidas têm isso enraizado na forma de práticas que guiam os resultados – explica Pascoal Vernieri, especialista em consultoria e gestão. A cultura, portanto, norteia como os funcionários se comportam dentro da corporação para cumprir a missão da empresa, começando pela maneira como o fluxo de trabalho é conduzido e expandindo até em como os membros do time socializam entre si.
De acordo com Vernieri, uma política interna clara, que oferece aos colaboradores liberdade para experimentar e autonomia para dividir conhecimentos, é o que as empresas mais almejadas têm em comum. Apesar da recessão econômica, há espaço para bons profissionais no mercado, especialmente em áreas novas, como a da tecnologia. Nesse contexto, não é apenas a segurança financeira que atrai o funcionário, mas também o espaço que lhe permite crescimento dentro de seus ideais.
– Hoje é fácil obter informações de como uma companhia atua na prática. O funcionário não se sente preso, ele pode migrar para a concorrência se achar que aquele ambiente é mais adequado – comenta Vernieri.
Ele aponta ainda o fato de que a cultura organizacional não é apenas um chamariz para novos talentos, mas também a força retentora de quem já é empregado pela corporação. Engajar a equipe traz mais produtividade e cria uma boa imagem da marca, que pode ser determinante para o consumidor. Aprenda a criar conexões emocionais e conquistar embaixadores para sua marca.
– A empresa busca resultados, mas para isso, ela tem que fazer com que essas pessoas também se dediquem e se identifiquem com o propósito da instituição. Senão a gente não consegue chegar lá – explica.
Se antes a política interna se limitava a diretrizes para os colaboradores, hoje ela é um ativo imprescindível para a retenção dos talentos e para a construção das marcas. Apoiar os valores de uma corporação é o que garante a vantagem no ponto de venda, já que o público hoje não acredita apenas no propósito difundido na publicidade tradicional. Ao substituir as paredes negras pela caixa de vidro, os consumidores ganham acesso ao estilo de vida que a empresa promove, o que torna a marca desejada de dentro para fora.
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