Continuamos nossa cobertura sobre a expectativa de diferentes setores da economia diante da pandemia de Covid-19. Sabendo o que esperar, pode-se ter uma estratégia mais adequada para reagir à crise, como veremos agora com relação ao mercado de turismo e hotelaria.
Diferentemente da cadeia de alimentos, do mercado imobiliário, da indústria da moda e do setor automotivo, as empresas de turismo, hospitalidade e viagens precisarão de muito mais cautela. É preciso ser realista e firme para encarar o curto e médio prazo, até o desenvolvimento de uma vacina para o novo coronavírus.
Confira a seguir as opiniões de dois especialistas no assunto.
Expectativa de recuperação do turismo
Diversas análises internacionais apontam o mercado do turismo como um dos últimos segmentos que retomarão os índices de movimento pré-Covid-19. A McKinsey & Company, por exemplo, estima o início da retomada do setor no primeiro ou segundo semestre de 2021.
No Brasil, uma das autoridades na área é Milton Zuanazzi, diretor-presidente da SBTUR Viagens e Turismo S.A. e presidente da Associação Brasileira de Turismo Social (Abrastur). Ele dá um prognóstico semelhante:
— O mercado de turismo será dos últimos a voltar à normalidade. Não é possível prever a data, mas com certeza não acontecerá antes de 2021 — declara o especialista, que também ocupou o cargo de secretário nacional de Políticas de Turismo e foi ministro interino de Turismo.
Estanislau Bresolin, presidente da Federação de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Santa Catarina (Fhoresc), é outra autoridade que recomenda o realismo para encarar este período. Ele acredita que a próxima temporada ainda não será suficiente para retornar à situação normal.
— O turismo está sendo um dos setores mais impactados com essa pandemia e tudo nos leva a crer que este ano não deve melhorar — comenta o presidente da Fhoresc.
No entanto, Santa Catarina tem condições de sair na frente, em comparação com o resto do País. Bresolin lembra que o mercado de turismo catarinense está preparado, adaptado e cumprindo as normas necessárias para a retomada, cuja liberação das atividades ocorreu ainda em 13 de abril, por decreto do Governo Estadual.
— Como o vírus tem se difundido com menos intensidade entre nós, é possível que tenhamos um início de atividades anterior a outros estados. O problema é que nossa demanda é muito externa a Santa Catarina, por isso dependemos de como se moverão especialmente os mercados de Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Argentina e Uruguai — complementa Zuanazzi.
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Oportunidade para novos destinos
No curto e médio prazo, o turismo dependerá de quão bem cada lugar conseguirá controlar a pandemia. Não só os destino turísticos, mas também as cidades de origem dos viajantes. Há aí um dinamismo ao qual o setor precisa ficar atento.
— Geração de negócios nas crises sempre existe, por inovação ou por alguma atração diferenciada. Portanto, a criatividade será a principal mola propulsora — comenta Estanislau Bresolin.
Em um caso de demanda externa reduzida, uma solução é estimular a demanda interna. Nesse sentido, a McKinsey aponta que o turismo regional deve se restabelecer antes do que o internacional. Essa pode ser a oportunidade de destinos até então menos procurados se tornarem mais conhecidos e ganharem novos adeptos.
— Há uma tendência de que os destinos de baixa densidade populacional, como cidades do interior, o turismo rural e de aventura tenham um crescimento de demanda antes dos demais setores — explica Milton Zuanazzi.
E o especialista complementa:
— É uma boa hora para os produtos de baixa densidade se consolidarem. Eis o desafio de nosso turismo rural, de aventura e outros turismos ativos.
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Foco e cautela durante a pandemia
Então, como o setor de turismo e hotelaria pode sobreviver à crise da pandemia de Covid-19?
— Não existe fórmula mágica para sobreviver. Quem tiver fôlego e criatividade pode resistir — responde o presidente da Fhoresc.
Já o presidente da SBTUR e da Abrastur destaca que, dependendo da situação e do impacto do novo coronavírus em cada região, alguns equipamentos hoteleiros podem ter mais vantagens interrompendo a atividade momentaneamente do que tentar operar com baixa demanda. Grandes investimentos em estrutura também podem ter de esperar.
— É uma situação muito difícil, mas todos têm de controlar muito suas despesas e deixar novos investimentos para depois que as coisas se normalizarem. Um olho no caixa e outro na estatística e nas autoridades sanitárias é fundamental nesta hora. Após a normalidade, sobreviverão os mais qualificados — declara Zuanazzi.
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