Mais de 4 bilhões de pessoas vivem em áreas urbanas atualmente, segundo dados das Nações Unidas, ou cerca de 55% da população mundial. Até 2050, o índice deve chegar a 68%, totalizando 6,7 bilhões de habitantes nas cidades.
Isso representa um enorme desafio para o planejamento urbano. Afinal, como comportar essa crescente demanda populacional e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de vida? Uma solução para esse dilema é o desenvolvimento de cidades inteligentes, que já movimenta um mercado de 410,8 bilhões de dólares e deve duplicar esse valor até 2025.
Aqui em Santa Catarina temos um exemplo desse conceito sendo desenvolvido em Florianópolis. A capital catarinense, que já é um polo de inovação no Brasil, também caminha agora para ser uma cidade inteligente pronta para o futuro. Saiba mais sobre esse projeto a seguir.
O que é smart city, ou cidade inteligente?
— Smart city, ou cidade inteligente, é um ecossistema urbano inovador caracterizado pelo uso generalizado de tecnologia na gestão de seus recursos e de sua infraestrutura. Neste ambiente, tecnologia e inovação são coordenadas de forma equilibrada e integradas à infraestrutura urbana tradicional para melhor realizar a visão de futuro da cidade — define Ágatha Depiné, advogada urbanista, editora do Urban Studies e uma das referências brasileiras no estudo dessa área.
Ou ainda, a cidade inteligente é aquela que usa tecnologias em informação e comunicação para tornar a vida urbana mais eficiente e satisfatória.
Entre as vantagens que ela traz, podemos destacar:
- maior compartilhamento de informações com o cidadão;
- melhor entendimento e controle dos processos da cidade;
- possibilidade de oferecer serviços públicos de maior qualidade;
- uso otimizado dos recursos naturais.
A tecnologia, portanto, é fundamental dentro da definição de cidade inteligente. Para isso, é feita uma ampla utilização da internet das coisas (IoT) na malha urbana, conectando semáforos, câmeras de vídeo, lixeiras, encanamentos de água e esgoto, monitoramento do clima, transporte público, veículos particulares, aplicativos de celular etc.
Por exemplo, em vez de uma sinaleira fechar em intervalos predefinidos, em uma smart city ela pode ajustar seu tempo de acordo com o fluxo de tráfego, se chove ou faz sol, entre outros fatores. Ou um motorista pode saber exatamente onde há uma vaga para estacionar por meio do smartphone.
É claro, a inteligência artificial também está por trás disso, facilitando e agilizando a tomada de decisão pelos gestores públicos sobre as mudanças que precisam ser feitas na cidade para melhorar a vida da população.
Esse foco na qualidade de vida é o grande destaque do conceito de cidade inteligente.
— Uma smart city tem que ter foco, acima de tudo, no cidadão. Além disso, tem que estar voltada para melhorar a sua vida no dia a dia. Smart cities é conectar pessoas e buscar tirar proveito dessa inteligência coletiva. Não existe futuro do planejamento urbano sem uma camada de inteligência e tecnologia. Além disso, não existe cidade inteligente se não tivermos cidadãos inteligentes. O cidadão tem que ter condições de acessar toda essa tecnologia disponibilizada, como, por exemplo, acessar os serviços e os aplicativos ofertados pelos municípios — explica Diego Ramos, diretor da vertical de Smart Cities da Associação Catarinense de Tecnologia (ACATE), membro do Conselho do Instituto Nacional de Infraestrutura e Construção Inteligente e Sustentável e sócio-diretor da Teltec Solutions, ao portal Economia SC.
Fica evidente, então, a necessidade de preparar os próprios cidadãos para a experiência da cidade inteligente. É a qualidade do material humano que permitirá o melhor uso das tecnologias envolvidas nesse conceito — e é por isso que Florianópolis representa um local perfeito para o desenvolvimento de uma smart city no Brasil.
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Florianópolis é reconhecida como polo de inovação no Brasil
A capital catarinense tem algumas características que tornam mais rápido o caminho para tornar-se uma cidade inteligente. Nesse sentido, o fato de já ser um polo de inovação consolidado facilita o processo.
— Temos diversas empresas aqui do nosso polo de inovação que possuem tecnologias e soluções testadas e comprovadas e que podem endereçar boa parte dos problemas encontrados na nossa cidade e que já poderiam estar sendo utilizadas, inclusive no nosso dia a dia — comenta Ramos.
Prova disso é que Florianópolis ocupa o segundo lugar no Brasil no Índice de Cidades Empreendedoras 2020, realizado por Endeavor e Escola Nacional de Administração Pública (Enap), atrás apenas de São Paulo.
A “Ilha do Silício” destaca-se com as melhores avaliações do País nos quesitos de capital humano e inovação, além de ocupar o sexto lugar em acesso a capital financeiro.
Outro reconhecimento de Florianópolis é dentro do próprio conceito de cidades inteligentes. No ranking Connected Smart Cities 2020, com base nos indicadores da consultoria Urban Systems, a capital catarinense aparece como a segunda cidade mais inteligente do Brasil. De novo, somente atrás do maior centro econômico do País.
Mais ainda, Florianópolis saltou do sétimo lugar em 2019 para a segunda posição em apenas um ano. Entre os principais quesitos que contribuem para essa boa colocação, temos: economia, educação, tecnologia e inovação.
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Como Florianópolis está se tornando uma cidade inteligente?
Nesse projeto de tornar a capital catarinense cada vez mais inteligente, Diego Ramos ressalta o papel da Rede de Inovação Florianópolis, resultado de uma parceria entre a Prefeitura de Florianópolis e a ACATE.
— São quatro centros de inovação: Centro de Inovação ACATE Downtown (Centro), Centro de Inovação ACATE Primavera (SC-401), Centro de Inovação ACATE Sapiens (Norte da Ilha) e Soho (na região continental). O objetivo desses centros é realizar atendimentos aos empreendedores interessados em conhecer e empreender na capital catarinense, capacitações, eventos e maratonas de tecnologia e inovação, aumento no acesso a investidores e atração de negócios para a cidade — revela também ao Economia SC.
Desde 2018, ano de criação da Rede de Inovação Florianópolis, já foram realizados:
- 947 atendimentos do escritório de Promoção da Inovação;
- 646 eventos, alcançando mais de 13.200 pessoas;
- 476 visitas técnicas, envolvendo 4.457 pessoas;
- 117 capacitações, abrangendo mais de 1.000 participantes;
- 17 missões técnicas nacionais e internacionais.
Outra ação da ACATE nesse sentido foi a criação da vertical de Smart Cities, ao lado das áreas de negócios que já eram trabalhadas, como educação, saúde, fintechs etc.
Segundo Ramos, objetivo dessa vertical é aproximar iniciativa privada, sociedade civil organizada, universidades e governo para debater e encaminhar juntos ações em prol de cidades cada vez mais inteligentes.
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