Caos – o que realmente importa no meio de tantas mudanças?

17/02/2023

Inovação

Caos – o que realmente importa no meio de tantas mudanças?

Antigamente dava tempo para escrever sobre as mudanças. O escritor futurista Alvin Tofler escreveu a “A Terceira Onda” em meados de 1980 e me lembro bem desse livro na cabeceira do meu pai na década de 90. Dava tempo para escrever, discutir, criar teses e prever movimentos, pois o mundo tinha uma velocidade rápida para a época, mas muito lenta se olharmos pelo retrovisor.

“O livro aponta uma saída para o desespero do dia-a-dia, num balanço otimista das potencialidades do homem. “A Terceira Onda” penetra fundo nas transformações violentas em que se debate o mundo de hoje. Ao mesmo tempo em que desseca os problemas que afligem a humanidade, lança um raio de luz sobre as novas formas de casamento e da família, dos negócios e da economia.”

Quando lemos esse pequeno resumo da obra citada, se não soubéssemos do que se trata, poderíamos facilmente creditar a um livro atual. Então o que mudou?

Velocidade. Hoje em dia não há mais tempo de escrever sobre as ondas, pois elas se sobrepõem de uma maneira muito complexa e ágil, ora mudando comportamentos, ora reforçando pontos, ora eliminando possibilidades…

A Ericsson divulga anualmente as principais tendências do consumo e a assertividade ou clareza sempre foi muito perceptível até a pandemia. Com esse desastre mundial muita coisa foi antecipada, eliminada, sobreposta, alterada. Um exemplo disso foi o home office, que aparecia como tendência para o ano de 2030!!!

Nunca nos preocupamos tanto com saúde, higiene, segurança de compra, valores, propósito de marcas, o papel da nossa casa, enfim, repensamos o consumo. Repensamos nossa vida.

E agora José?

As mudanças no comportamento do consumidor foram tantas e isso afetou indústria, varejo, serviços.

Aumento de compras online, o surgimento do pix, a briga contra o frete alto, a morte da loja física que não ocorreu… Tudo fez com que a experiência passasse a ser ainda mais valorizada pelo cliente. Uma disputa no olimpo do atendimento entre o BOT e o atendimento humano com vantagens e desvantagens para ambos os lados.

Nesse cenário, adiciona-se ainda uma disponibilidade dos consumidores a interagirem com as novas tecnologias. De acordo com a pesquisa “O perfil do consumo em 2022” da Opinion Box, em torno de 50% das pessoas estariam dispostas ou muito dispostas a temas como live commerce, moedas digitais, metaverso e supermercados inteligentes.

Tudo isso resultou em uma gama de sentimentos como medo, resiliência, otimismo radical e a dessincronização social, que por fim geraram novos perfis de consumo.

 A comunicação cresceu ainda mais nesse contexto. Para a jornada de compras funcionar, para o cliente fidelizar, a forma como a marca se comunica é crucial.

Um fator comum entre todos esses grupos, apesar de toda conectividade digital, é a presença de uma carência, uma ânsia por relações mais humanas.

Dentro desse cenário de caos, o que funciona?

Primeiro precisamos entender que o novo normal é ainda mais rápido. Necessita de agilidade no fluxo de informação. As hierarquias tradicionais precisarão serem revistas. Troquemos o tão batido conceito de mundo VUCA (volátil, incerto, complexo e ambíguo) por um mundo NICE (novo, ágil, interdependente e sensível).

A atenção para o mkt e vendas fica ainda mais necessária. O CBS insights compilou os 10 principais erros das startups a partir de uma pesquisa com 101 empresas que faliram. Falha ao executar vendas e mkt esta em 4 lugar.

As empresas precisarão de um alinhamento de vendas a um propósito. “As pessoas não compram o que vc faz e sim pq vc faz”. Simon Sinek.

E para sustentar tudo isso dentro de qualquer organização, uma mudança no perfil da liderança se faz necessária. Atualmente, segundo a Indeed, 70% das empresas estão buscando líderes que sejam capazes de desenvolver pessoas. No passado a busca era por tomadores de decisões. Líderes heróis. No mundo atual, repleto de informações e instabilidade, ninguém consegue essa capacidade de orientação sozinho. Os líderes precisam desenvolver pessoas e criar ambientes que possibilitem todos os colaboradores a participar e contribuir na tomada de decisão. As habilidades mais valorizadas estão mudando. Crescem as inteligências humanas, emocionais e sociais.

Encerro com essa reflexão em cima de uma frase da Carla Buzasi, diretora geral da WGSN: “mesmo enquanto nos apoiamos na conectividade digital para sobreviver a este momento de turbulência, é o nosso anseio por conexão humana que moldará as nossas vidas a partir de agora.”

E você, o que você esta conectando?

 

Autor: Luciano Moura

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