O agronegócio no Brasil tem ampliado seus horizontes. Em 2022, por exemplo, o setor conquistou novos mercados e registrou recordes no valor das exportações. Mas essas não são as únicas fronteiras que estão sendo expandidas no campo. A próxima a ser alargada é a da digitalização.
Como revela a pesquisa “A mente do agricultor brasileiro 2022”, da McKinsey & Company, os produtores seguem a mesma tendência de jornada de compra híbrida dos consumidores finais. Com isso, aumenta a presença dos canais digitais na rotina do agronegócio.
Tal cenário favorece o trabalho das agtechs, empresas de base tecnológica que oferecem soluções aos produtores. Em número cada vez maior, segundo um relatório do Distrito, elas já somam 366 startups do gênero no Brasil.
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Agronegócio conectado: a presença dos canais digitais no campo
De acordo com a McKinsey & Company, sete em cada dez agricultores no Brasil já utilizam canais digitais em suas jornadas de compra.
Do total, 58% usam uma mescla de contato presencial e mensagens instantâneas pela internet. Outros 13% vão além e percorrem também plataformas digitais, como o comércio eletrônico. Enquanto isso, apenas 29% fazem compras só presencialmente.
O campo segue, assim, um comportamento do consumidor nas cidades. Conforme revelado por uma pesquisa de CNDL, SPC Brasil e Sebrae, intitulada “Impactos da Mobilidade Urbana no Varejo”, 27% dos compradores adotam uma jornada de compra híbrida. Outros 28% preferem os canais digitais e 45% escolhem primeiramente as compras presenciais.
Contudo, a preferência dos agricultores brasileiros por canais virtuais de interação recuou em 2022, após ter crescido durante a pandemia. Entre 2019 e 2021, por exemplo, o índice de produtores que preferiam canais on-line aumentou de 36% para 46%. Um ano depois, o percentual caiu a 41%. Essa é uma tendência que já foi observada nos Estados Unidos e na Europa.
Daí se deduz que, uma vez passadas as maiores restrições da pandemia, os produtores voltaram a comprar onde se sentiam mais confortáveis.
Segundo a McKinsey & Company, as maiores dificuldades em relação aos canais digitais são:
- Desconfiança no processo de compra de autoatendimento: 41%.
- Não conseguir obter recomendações customizadas sobre o que comprar: 25%.
- Não fornecer o atendimento ao cliente de que o produtor precisa: 21%.
Então, se as agtechs esperam continuar crescendo no Brasil, será necessário resolver essas questões. E será igualmente importante investir em uma comunicação educativa para superar a barreira de desconfiança dos compradores no campo.
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Segmentos com maior adoção de tecnologias na agricultura
Metade dos agricultores brasileiros já adotam ou pretendem adotar tecnologias agrícolas. Como era de se esperar, os produtores mais jovens são os mais antenados com a evolução tecnológica no campo.
Adoção ou disposição para adotar tecnologias no campo por faixa etária:
- 18 a 24 anos: 58%
- 25 a 34 anos: 57%
- 35 a 44 anos: 53%
- 45 a 54 anos: 47%
- 55 a 64 anos: 38%
- 65 a 74 anos: 41%
- mais de 75 anos: 19%
Outro destaque é que os produtores de algodão e de grãos assumiram o pioneirismo na adoção de tecnologias na agricultura. No cultivo de algodão, por exemplo, 87% dos entrevistados adotam ou estão dispostos a adotar inovações. Na produção de grãos no Cerrado, são 67%. Por outro lado, o café aparece na última posição, com 28%.
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Cresce o número de agtechs no Brasil
A transformação digital do campo passa pelas startups que estão desenvolvendo soluções tecnológicas para o setor. E elas estão presentes em um número cada vez maior no Brasil. Segundo o AgTech Report 2022, do Distrito, havia menos de 100 empresas do ramo no País em 2012. Uma década depois, esse número chegou a 366.
A maioria das soluções nacionais está voltada à agricultura de precisão. Mais de um terço das agtechs (35,2%) estão focadas nessa área. No entanto, automação e robotização (14,2%), biotecnologia (14,2%) e marketplaces (13,4%) também aparecem em número considerável.
O Distrito categoriza da seguinte forma as startups do segmento:
- Agricultura de precisão: soluções para a coleta de dados no agronegócio, softwares de apoio à gestão e análise de big data.
- Automação e robotização: máquinas de uso agropecuário, robotização da produção, automação e drones.
- Biotecnologia: soluções biológicas para uso agropecuário e agroindustrial, como genética, bioenergia e produção de biomateriais.
- Marketplaces: plataformas para comércio de insumos e commodities, aluguel de equipamentos ou compra direta de produtos.
- Midstream: logística, transporte, rastreamento e segurança alimentar especializados no agronegócio.
- Novel farming: inovações na produção agropecuária que envolvem novos métodos ou gêneros agrícolas não tradicionais.
- Miscelânea: startups de outras áreas (fintechs, por exemplo) que prestam serviços essenciais ao agronegócio.
Outro papel fundamental das agtechs no Brasil é aumentar a sustentabilidade no campo. Afinal, esse é um dos critérios avaliados pelo consumidor final na decisão de compra.
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