Empregadores e funcionários têm travado uma queda de braço a respeito do melhor modelo de trabalho. Não faltam argumentos para defender o trabalho remoto nem o presencial. Então, quem ganhará essa disputa?
Em defesa do trabalho remoto, podemos citar o estudo publicado no jornal Proceedings of the National Academy of Sciences, que relaciona essa prática com a redução da pegada de carbono. Além da economia de energia no escritório, os funcionários reduzem drasticamente as emissões com transporte diário. Essa flexibilidade pode, inclusive, relacionar-se com as práticas de ESG dos negócios responsáveis.
Por outro lado, CEOs levantam questões como riscos à produtividade e prejuízos à cultura da marca para regressarem ao “velho normal”.
Essa discussão é importante não só dentro das empresas, mas para o mercado como um todo. Como destaca uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) em parceria com a Toluna, o modelo de trabalho escolhido afeta diretamente a jornada de compra das pessoas. Saiba mais a seguir!
A jornada de compra no trabalho remoto
Um dado relevante da pesquisa da SBVC aponta uma tendência de redução de consumo no trabalho remoto, especialmente em home office.
De acordo com a entidade, 41% dos que trabalham em casa acabam gastando menos nessa modalidade. Outros 33% revelam ter um gasto igual, enquanto 26% gastam mais.
Um fato inegável é que há um estímulo aos profissionais comprarem on-line no trabalho remoto. Tanto que 53% dos entrevistados aproveitam que estão trabalhando em casa para fazer compras na internet.
Mas, na soma dos gastos, a rotina de sair para o trabalho pesa mais no orçamento. Um exemplo disso é a alimentação. Apenas 22% dos profissionais em home office costumam almoçar fora e 47% têm o hábito de pedir serviços de entrega de restaurantes.
No entanto, quem trabalha no escritório pede mais delivery. Dos trabalhadores presenciais, 54% costumam sair para almoçar e, mesmo assim, 51% solicitam comida para consumo imediato com certa frequência.
Uma explicação para isso é o tempo perdido com deslocamentos, que reduz a disponibilidade para os profissionais fazerem a própria comida. Isso leva ao aumento dos gastos com alimentação fora de casa.
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Cai o número de empresas que adotam o home office
Por enquanto, são as empresas a favor do trabalho presencial que estão levando a melhor nessa disputa de interesses.
Um estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) intitulado “Tendências do home office no Brasil” destaca como a flexibilidade vem perdendo lugar. Se, em 2021, 57,5% das organizações ofereciam esse modelo de trabalho, esse número caiu para 32,7% no final de 2022.
Então, pelo menos neste momento, o impacto do trabalho remoto na jornada de compra não deve ser tão substancial.
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Reflexos da volta ao escritório no mercado de trabalho
De fato, boa parte dos líderes empresariais estão determinados em voltar ao escritório. Nove em cada dez empresas entrevistadas pela ResumeBuilder farão esse retorno em 2024. Até mesmo gigantes da tecnologia, como Meta, IBM, Google e Amazon, implantaram políticas híbridas de pelo menos três dias de trabalho presencial por semana.
Até o Zoom, que foi uma das marcas mais comentadas no auge do home office, determinou dois dias no escritório por semana como modelo híbrido.
Em alguns casos, essa imposição vem acompanhada de demissões em massa. É uma forma de os chefes acabarem com qualquer objeção momentânea. Mas isso não deve funcionar no longo prazo.
Aquelas empresas que exigirem novamente cinco dias de trabalho presencial podem ter sérios problemas de retenção de colaboradores. Por exemplo, uma pesquisa da Offerwise para o Grupo QuintoAndar mostra que 43% dos trabalhadores remotos no Brasil deixariam o emprego se fossem obrigados a voltar em definitivo para o escritório.
Corroborando com esse argumento, dados de Scoop e Boston Consulting Group revelam que empresas mais flexíveis aumentaram o faturamento em 21%, na média, enquanto as rígidas tiveram um crescimento médio de 5%. Algumas razões para essa diferença é que os negócios com a possibilidade de trabalho remoto podem contratar mais rapidamente e apresentam maior retenção de funcionários.
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Trabalho remoto abrange menos de 10% dos trabalhadores
De todo modo, vale lembrar que os trabalhadores em home office fazem parte de um “recorte privilegiado” da população, como ressalta Maíra Blasi, especialista em futuro do trabalho. Menos de 10% do total de ocupados no Brasil, ou 9,5 milhões de pessoas, atuaram dessa forma em 2022, de acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do IBGE.
Ainda assim, é interessante notar como decisões corporativas como essa têm repercussões desde a jornada de compra até a proteção do meio ambiente.
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