O Brasil, com seus 7.367 quilômetros de extensão de costa, ainda tem um enorme potencial pela frente para desenvolver no mercado náutico nacional.
Entretanto, na contramão de outros setores, a indústria náutica encontrou um caminho para crescer “de vento em popa” no País durante a pandemia. Nesse sentido, a Associação Brasileira dos Construtores de Barcos e seus Implementos (Acobar) calcula um crescimento de 10% do setor em 2021 frente ao ano anterior, referente às embarcações de lazer. O faturamento deve chegar a R$ 840 milhões neste ano, superando os R$ 761 milhões de 2020.
O resultado, inclusive, levou o mercado brasileiro a superar o norte-americano nesse período. Isso é uma boa notícia para a indústria catarinense, o maior polo náutico do Brasil, com quase 200 estaleiros instalados.
Veja a seguir outros dados deste setor em Santa Catarina.
Mercado náutico catarinense é destaque na América Latina
Realizado entre os dias 4 e 9 de novembro de 2021, o São Paulo Boat Show, em sua 24ª edição, é considerado o maior salão náutico da América Latina.
No evento, as marcas sediadas em Santa Catarina expuseram embarcações de até R$ 13,9 milhões. A expectativa do Boat Show como um todo era de movimentar R$ 220 milhões em vendas na edição deste ano.
Sendo o maior polo náutico brasileiro, é claro que a produção e a infraestrutura de Santa Catarina foram destaque no salão.
O mercado náutico catarinense conta com marcas originais do Estado, como a Armatti Yachts e a Fishing Raptor. Santa Catarina também é sede da italiana Azimut Yachts, que possui estaleiro em Itajaí e é uma das maiores marcas mundiais no setor. Ali é produzido o maior e mais caro iate brasileiro, com mais de 350 metros quadrados de área, avaliado em R$ 55 milhões. Ao todo, a filial brasileira já produziu quase 250 embarcações de luxo nesses onze anos de operação.
Além de abastecer o mercado nacional, a indústria náutica catarinense tem crescido em vendas para o exterior. De acordo com a Acobar, as exportações de embarcações de lazer aumentaram em 10% no Brasil em 2020, na comparação com o ano anterior. Os Estados Unidos são o principal destino da produção brasileira, que ainda envia para Itália, Alemanha, China, entre outros países.
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Setor náutico estimula outros segmentos de Santa Catarina
No São Paulo Boat Show, o Governo do Estado, por meio da Agência de Desenvolvimento do Turismo de Santa Catarina (Santur), promoveu também outros aspectos da economia relacionada ao mar. O turismo de aventura, a gastronomia e a temporada de verão catarinenses foram igualmente destacados no salão.
O crescimento do mercado náutico catarinense, portanto, é um importante passo para a recuperação do turismo estadual. Antes da pandemia, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) estimava a passagem de 2,5 milhões de turistas por Santa Catarina durante o verão, injetando mais de R$ 10 bilhões na economia.
Além disso, a Acobar estima que uma única instalação de apoio náutico com 300 embarcações é capaz de gerar 780 postos de trabalho e R$ 141 milhões para a economia local onde se encontra. Com ela também cresce a procura por produtos para construção e reparo de barcos, equipamentos eletrônicos e até moda náutica.
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Mais empregos em Santa Catarina
O desenvolvimento do mercado náutico catarinense ainda é importante para a diversificação da economia do Estado. Essa diversidade, por sinal, é um dos fatores que explicam a liderança de Santa Catarina na geração de empregos no último ano.
Após a revisão dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), o Brasil fechou 2020 com um saldo positivo de 75.883 postos de trabalho. Enquanto isso, Santa Catarina criou 48 mil oportunidades, o melhor desempenho entre as demais unidades federativas, representando 63% das vagas no País.
Diante dessas informações, é possível perceber como o mercado náutico contribui de diferentes formas para o crescimento do Estado. Ele faz isso diretamente, por meio da geração de emprego e renda, e indiretamente, fortalecendo também os setores de serviços e comércio.
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