Quando se fala em tendências do varejo, costuma-se mencionar diferentes transformações digitais no comércio, como a otimização do e-commerce, as vendas pelas redes sociais, entre outros aspectos.
Entretanto, não podemos nos esquecer da importância que as lojas físicas ainda têm dentro do varejo. Uma pesquisa de IBM Institute for Business Value e National Retail Federation, realizada com mais de 19 mil pessoas em 28 países, apontou que 72% dos consumidores fazem compras primariamente no PDV físico.
Além disso, as lojas físicas têm suas próprias tendências. Muitas delas, é claro, estão relacionadas ao comércio virtual, mas ainda demandam ações específicas no ambiente off-line. Saiba mais a respeito a seguir.
4 tendências do varejo físico
Embora esta análise seja feita de forma individual para facilitar o entendimento das maiores tendências nas lojas físicas, elas estão profundamente interligadas entre si.
As transformações que abordaremos são:
- Novos modelos de lojas físicas
- Logística e mobilidade
- Digitalização do ponto de venda
- Economia circular e sustentabilidade
Acompanhe!
1. Novos modelos de lojas físicas
A KPMG, no relatório “Tendências 2022 para o setor de Consumo e Varejo na América do Sul”, aponta para o surgimento de novos modelos varejistas de negócios.
Entre esses novos modelos, temos:
- Lojas híbridas: que combinam a experiência física com a digital, como a Amazon Go.
- Dark stores: são pequenos centros de distribuição, fechados ao público.
- Buy on-line, pick-up in store (BOPIS): compre na internet, retire na loja.
- Buy on-line, return in store (BORIS): compre na internet, devolva na loja.
- Buy on-line, pick-up at curbside (BOPAC): compre na internet, retire na calçada.
Essa diversidade de formatos está surgindo porque não podemos mais olhar para a venda na loja física e para a venda on-line como coisas separadas. Ambas estão convergindo para uma jornada híbrida, também chamada “figital”, da mistura física e digital.
Como destaca o relatório “Top retail trends to watch in 2022”, da Mastercard, 27% dos consumidores já escolhem essa jornada híbrida de compra. Esse é o mesmo percentual encontrado pela IBM em relação às preferências de consumo: 27%, no geral, preferem mesclar canais físicos e digitais. Já entre os consumidores mais jovens o número é ainda maior, chegando a 36%.
Então, os novos modelos de lojas físicas passam a incorporar esse comportamento de consumo e aprimorar a experiência do e-commerce, ou evoluir por meio de práticas típicas do varejo on-line.
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2. Logística e mobilidade
Duas pesquisas diferentes demonstram que os fatores mais influentes na decisão de compra na internet são: o valor do frete e o tempo de entrega.
O “frete grátis” aparece como um fator muito importante na decisão de 50% dos entrevistados pela Shopify, seguido pela “entrega rápida” em 33% das respostas. Já a Opinion Box traz a informação de que 77% dos consumidores brasileiros avaliam significativamente o custo de frete, enquanto 66% consideram a velocidade de entrega.
A boa notícia para o varejo é que transformar as lojas físicas nesses novos modelos de negócios pode reduzir tanto o valor do frete quanto o tempo de entrega, tornando o e-commerce da marca mais atrativo.
Um estudo de caso publicado na “Supply Chain Management Review” chega a provar que a conversão de apenas uma loja física em minicentro de distribuição é capaz de reduzir os custos do trajeto final (last-mile) em até 60%. E vale lembrar que esse trecho representa entre 40% e 50% dos custos logísticos da empresa.
Mas a integração com o e-commerce pode ser boa para a própria loja física. Como revela a pesquisa “Impactos da Mobilidade no Varejo”, de CNDL, SPC Brasil e Sebrae, 77% dos brasileiros fazem a maior parte das compras perto de casa. Então, se tais pontos de venda passam a oferecer a opção de retirada de produtos comprados na internet, por exemplo, eles atraem os públicos físico, digital e híbrido.
3. Digitalização do ponto de venda
No caso desta terceira tendência, a digitalização do ponto de venda tem o poder de tornar a experiência física mais interessante.
Por exemplo, a IBM aponta que a principal razão para o consumidor comprar no PDV físico é a interação com o produto. Ou seja, conhecer melhor o item desejado. As tecnologias podem, então, oferecer uma experiência ainda mais imersiva por meio de recursos como a realidade aumentada ou simplesmente com informações extras em telas interativas.
Outra tecnologia interessante para o varejo é o autoatendimento, porque 31% das pessoas querem um checkout mais rápido e 58% já utilizaram essa opção de compra.
Enquanto isso, nos bastidores, a digitalização do ponto de venda é uma exigência da estratégia omnichannel. Sem um controle de estoque geral e automatizado, é praticamente impossível integrar com eficiência os diversos canais de venda da marca.
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4. Economia circular e sustentabilidade
Fica cada vez mais claro como essas tendências para as lojas físicas do varejo estão relacionadas. Isso vale também para a busca por maior sustentabilidade no comércio.
De acordo com a Shopify, 53% das empresas têm como prioridade em 2022 melhorar a sustentabilidade do negócio. A razão para isso é evidente: 44% dos consumidores estão mais dispostos a comprar de marcas com esse compromisso e, como complementa a IBM, 62% mudariam seus hábitos de consumo para reduzir o impacto ambiental.
Aí entra o papel da loja física para apoiar a economia circular e a logística reversa do negócio. Isto é, a loja não apenas vende os produtos da indústria para o consumidor, mas também passa a recolher os materiais usados para devolvê-los à indústria e serem reaproveitados.
A economia circular, por si só, é um excelente negócio. A KPMG traz um dado da Coalizão de Economia Circular da América Latina e do Caribe destacando a estimativa de que essa economia gere cerca de 5 milhões de empregos na América Latina até 2030. Já a Deloitte ressalta que o mercado de roupas de segunda mão deve crescer mais rápido que o de fast fashion.
Concluindo, as tendências para as lojas físicas apontam que esses estabelecimentos deixarão de representar apenas o último estágio de uma cadeia produtiva. Em vez disso, tornam-se pontos estratégicos para melhorar a experiência com a marca, otimizar a logística do negócio e aumentar a sustentabilidade no varejo.
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