O que é Web 3.0 e como ela muda a navegação na internet?

19/04/2022

Tecnologia

O que é Web 3.0 e como ela muda a navegação na internet?

A Web é um espaço contraditório. Ao mesmo tempo em que ela permite interações entre pessoas e negócios do mundo todo, ela está cada vez mais concentrada nas mãos de poucas empresas.

Veja o caso da Meta, antiga Facebook. Ela tem os dois aplicativos de mensagens mais usados no Brasil: WhatsApp (usado por 96,4% dos internautas) e Facebook Messenger (62,3%), segundo o relatório Digital 2022: Brazil. Além disso, de acordo com o Sebrae, 84% das empresas brasileiras que digitalizaram seus serviços preferem impulsionar as vendas pelo WhatsApp.

Então, o que acontece caso esse uso seja comprometido, como aconteceu em outubro de 2021, quando a Meta ficou fora do ar? Para os pequenos negócios que dependiam desses serviços, isso representou uma queda nas vendas de até 60% no período.

Mas está surgindo uma nova proposta de Web, com foco na descentralização dos dados, que pretende mudar a forma como nos conectamos. É a Web 3.0, ou Web3, que apresentamos a seguir. Acompanhe!

O que é a Web?

A Web é uma parte da internet que consiste em páginas que podem ser carregadas por um navegador, segundo a Techopedia. Ela foi proposta em 1989 por Timothy Berners-Lee, conhecido como o criador da World Wide Web, e implementada em 1990.

Ou seja, a Web e a internet são dois conceitos diferentes na prática. Enquanto a internet refere-se à rede global de computadores que permitem a troca de informações, a Web é uma forma de acessar, executar e interligar documentos dentro da internet.

Já a Web 3.0, como o próprio nome sugere, é uma evolução da Web que chega à sua terceira geração. Portanto, é preciso conhecer o que é cada versão da Web para saber o que está sendo proposto de novo.

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A Web3 propõe uma navegação descentralizada entre máquinas. (Imagem via Freepik)

Web 1.0

Em sua versão inicial, a Web não permitia que os usuários finais alterassem os conteúdos das páginas que visitavam, por isso a Web 1.0 também é conhecida como Web estática. O acesso resumia-se a abrir páginas em um navegador por meio de um protocolo HTTP (Hypertext Transfer Protocol). Esse protocolo permite a transmissão de documentos, como hipertextos, imagens e sons, entre um servidor Web e um navegador Web.

Ainda hoje a navegação na Web baseia-se nesse mesmo princípio de servidor centralizado — basta olhar o endereço dos sites na sua barra de navegação. Então, se há um problema com esse servidor, a informação fica inacessível para o usuário final.

Isso é uma grande preocupação na medida em que a computação na nuvem torna-se cada vez mais difundida e as empresas acabam recorrendo aos mesmos provedores de serviços. Só a AWS, da Amazon, controla 41,5% do mercado de armazenamento na nuvem, segundo a McAfee.

Web 2.0

Esta nova fase marca a era social da Web, não só pela ascensão das redes como Myspace, Orkut e Facebook, mas pela possibilidade de os usuários alterarem as páginas. Ou seja, é a era do conteúdo interativo ou do conteúdo gerado pelos usuários. Exemplos famosos dessa contribuição estão nas avaliações de produtos em lojas virtuais, na criação conjunta dos artigos da Wikipedia e nas postagens em redes sociais.

No entanto, mesmo com essa maior participação do usuário, a Web ainda é bastante centralizada. As big techs do Ocidente (Amazon, Apple, Google, Meta, Microsoft e Google) e Oriente (como Tencent e Alibaba) controlam a maior parte dos dados desses usuários.

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Web 3.0 (Web3)

A Web 3.0, ou Web3, muda o paradigma de como as informações são armazenadas e acessadas. Em vez de um local fixo, como um único servidor, a informação é distribuída em redes descentralizadas por meio da tecnologia blockchain. Ou seja, sai um protocolo centralizador como o HTTP e entra o peer-to-peer (ponto por ponto), uma arquitetura de rede em que todos os computadores podem servir de servidor e cliente ao mesmo tempo.

Outra mudança é a colaboração direta entre máquinas pela inteligência artificial e aprendizagem de máquina. Nesse sentido, o Future Institute Today cita o exemplo da OTOY, empresa de animação gráfica na nuvem que economiza recursos em projetos 3D descentralizando o uso de processadores. Uma rede de parceiros disponíveis faz esse processamento de forma remota.

No entanto, a Web3 está em desenvolvimento. O conceito foi fundado apenas em 2014, por Gavin Wood, e ainda tem um longo caminho pela frente. Basta observar como outros exemplos de descentralização, como as criptomoedas, estão reservadas a um pequeno grupo de entusiastas e longe do grande público.

Como a Web3 impacta os negócios e a sociedade?

A proposta de uma Web mais descentralizada e com maior controle dos dados pelos usuários é ótima, a princípio. Contudo, a Web3 traz também muitas perguntas.

Um dos benefícios prometidos por essa nova Web é interação mais direta entre público, criadores de conteúdo e marcas na internet. Atualmente, criadores de conteúdo e marcas estão sujeitas às políticas internas das redes sociais para ter alcance on-line. Por outro lado, com a Web 3.0, tanto a produção quanto o engajamento podem ser remunerados em criptomoedas, sem a interferência dos algoritmos.

A ideia é que um perfil em NFT contenha todo o histórico de conteúdos gerados por um usuário, criador ou marca. Esses perfis então podem se conectar entre si, engajar e configurar formas de monetização. Mas, nesse caso, como fica a descoberta de novas marcas em um ambiente descentralizado? E como as empresas podem fazer um marketing segmentado sem dados do público?

Outra questão relevante a respeito da Web3 é a dificuldade de regulamentação. Por exemplo, como controlar a propagação de fake news ou remover sites fraudulentos quando eles não têm um endereço fixo, mas estão espalhados por diversas máquinas?

A Web 3.0 promove um debate interessante, sem dúvida, especialmente pelo objetivo de distribuir mais equilibradamente o poder na internet. Mas como ela será de fato apenas saberemos com a aplicação gradual dessa transformação.

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